O presidente estadual do PT no Rio Grande do Norte Júnior Souto acredita que a política de alianças adotada pela sigla em 2018 não pode ser a mesma no embate com o bolsonarismo agora em 2022, seja no plano nacional ou estadual.
Ainda que na avaliação dele o cenário político e as pesquisas eleitorais indiquem a derrota de Jair Bolsonaro (PL) e uma reeleição “confortável” de Fátima Bezerra, é preciso ampliar o leque de alianças:
– Não podemos enfrentar o fascismo com a política de alianças que enfrentamos o neoliberalismo. As alianças com a qual disputamos as eleições nos últimos anos não podem ser as mesmas de agora. Tem que haver mais amplitude. E que as diferenças (com novos aliados) sejam pontuadas e acertadas como objeto de uma disputa no futuro”, avalia.
2022 começou com divergências internas do PT potiguar em relação às estratégias eleitorais expostas pela imprensa local. Uma ala defende a composição do partido com siglas e políticos que até há pouco tempo eram adversários. Tudo em nome de um projeto maior: derrotar o bolsonarismo. Já outro grupo acredita que é possível eleger Lula e reeleger Fátima sem a necessidade de ampliar espaços “ressuscitando” hoje os derrotados de ontem, como oligarquias tradicionais.
A discórdia tem nome, sobrenome e está relacionada a uma possível dobradinha de Lula com o ex-tucano Geraldo Alckmin (cada vez mais próximo do PSB) e, em nível estadual, a uma indigesta composição de Fátima com Walter Alves (MDB).
Segundo Júnior Souto, o debate eleitoral ainda não chegou nas instâncias do partido. Até o momento, as costuras sobre alianças estão sendo coordenadas pelo próprio Governo do Estado. Ele acredita que a partir de março os debates internos e as consultas aos filiados ganharão corpo. Indagado se estaria ressentido pelas articulações eleitorais não estarem sendo conduzidas pelo diretório estadual, e sim pelo Governo, Souto disse que não cabe ressentimento e que a dinâmica política é outra:
– O que acontece no plano nacional não é distinto do que acontece aqui. As tratativas conduzidas pelo Lula ainda não chegaram no diretório nacional, que ainda não orientou os diretórios estaduais. Aqui no Estado a dinâmica do Governo é própria porque o ambiente de governança é natural. É preciso reconhecer que as lideranças de Lula e Fatima possibilitam a atração que estabeleceram em seus tempos”, reflete.
Alianças mais amplas e oligarquias representativas
Pelo menos até março, parlamentares e membros do Governo vão emitindo opiniões com repercussão na mídia. A opinião do presidente estadual do PT é de que alianças mais amplas precisarão ser costuradas até para tentar garantir eventuais vitórias de Lula e de Fátima Bezerra ainda no 1º turno:
– Me incluo entre aqueles para quem a Frente de Esquerda e a Frente Ampla não se excluem, desde que haja compreensão de que a disputa vai se dar entre nós e aqueles que venham a ser aliados. Nossa tarefa número zero é criar um ambiente nesse cenário ainda precário de democracia no Brasil. Sinais dos problemas que teremos pela frente”, diz.